terça-feira, 28 de junho de 2011

Discurso da homenagem ao 25 de junho

Apresentamos a todos o texto do discurso proferido pela senhora Karina Madureira por ocasião da participação do povo sanfelista no 25 de junho-Data Magna da Cidade da Cachoeira.
Parabenizamos esta grande cidadã pelo seu excelente desempenho,representando nossa cidade.

Saúdo, em especial, o Prefeito Antônio Carlos Pereira e o Prefeito Alex Sandro Aleluia de Brito (São Félix), as personalidades e autoridades, aqui presentes ou representadas.

Convém registrar, em primeiro lugar, o agradecimento sincero pelo honroso convite para aqui estar convosco, dialogando sobre Cachoeira, seu passado histórico, seu presente vivificado e seu futuro que esperamos construir de maneira socialmente justa para que venha a ser amplamente venturoso e sustentável.

Cachoeira, terra da alegria, de encantos, da beleza do rio Paraguaçu e da ponte D. Pedro II. Terra de um povo carente, sofrido, que vive das lembranças de um passado de lutas, de vitórias, de riquezas. Quem olha para ela não imagina o tanto de história, de bravura, de heroísmo que esconde por trás de uma realidade atual de muitas dificuldades. Esta é Cachoeira. Cidade que hoje se destaca pelas suas características muito peculiares, nas quais se incluem a história, a cultura e os costumes.

Relembrar um pouco a sua trajetória histórica e heróica é levar a reflexão dos dias atuais.

A atual cidade de Cachoeira era uma Vila muito rica e paralelamente ao seu desenvolvimento econômico, crescia sua importância política, quando no século XIX, entretanto, ela se viu projetada definitivamente no cenário da história política baiana e brasileira.

Devido ao fato da Bahia ter grande importância comercial e ser a região mais rica do Brasil, havia o interesse dos administradores portugueses em manter a colonização, enviando para sua capital o general Madeira de Melo com poderes plenos para administrar a província, montando um aparato militar que causa um clima de desconfiança e intranqüilidade na população baiana. Nas principais Vilas do Recôncavo, mais precisamente em Cachoeira, começavam as mobilizações, de tropas formadas por várias camadas da sociedade, tendo os senhores de engenho como principais articuladores de uma revolta contra a política autoritária de Madeira de Melo. A Vila foi o foco de onde partiram as lutas armadas contra os portugueses pela independência do Brasil. E tanto fez pela história do Brasil e da Bahia que quinze anos após a Independência do Brasil, Cachoeira é elevada a categoria de cidade com o titulo de Heróica, assim denominada pela Lei nº. 43, de 13 de março de 1837, em virtude dos seus feitos, foi também a sede do governo provisório do Brasil durante a guerra da Independência em 1822 e, novamente, em 1837, quando ocorreu o levante da Sabinada.

Historicamente, Cachoeira foi a pioneira no movimento emancipador do Brasil. Daqui partiram os primeiros brados de revolta contra a opressão lusitana e surgiram, mais tarde, os batalhões patrióticos, liderados por figuras como a do Barão de Belém, Rodrigo Antônio Falcão Brandão, Maria Quitéria de Jesus, “a mulher-soldado”, entre outros que se imortalizaram na história nacional.

Formados por patriotas que haviam se organizado em Belém e Santiago do Iguape, batalhões chegaram à Vila de Cachoeira e foram recebidos de braços abertos pela população. Decididos, os patriotas não temeram sequer a reação da tropa portuguesa, que numa escuna canhoneira, disparou contra a multidão subleva, atingindo fatalmente o tambor-mor Manoel da Silva Soledade. Unidos, eles não recuaram respondendo com ataques precisos aos dominadores e, após três dias de luta aprisionaram o comandante da canhoneira. A 25 de junho de 1822, antecipando o “grito do Ipiranga”, Cachoeira já proclamava o Príncipe D. Pedro I como Regente. Estava lançada a semente que frutificou em 2 de julho de 1823. Fortalecidos pela vitória, os batalhões de patriotas juntaram-se a outros que foram criados com apoio de câmaras e demais Vilas da Província, partindo para capital, Salvador, reforçando as tropas que já lutavam contra os portugueses e os derrotariam definitivamente em 2 de julho de 1823.

O 25 de junho representa para Cachoeira o mesmo que o 7 de setembro representa para o Brasil e o 2 de julho para Bahia. Tem o significado da liberdade, da luta popular, do sentimento de patriotismo, de audácia e coragem.

Muitos anos se passaram. Cachoeira sofreu diversas transformações e assim como todo Recôncavo passou por um declínio devido ao contexto socioeconômico nacional que contribuiu fortemente para o enfraquecimento econômico e social da cidade. Sendo “valorizada” pelo seu peso de depoimento incisivo da história, pela sua cultura e turismo, atualmente, considerada “Monumento Nacional” e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional em 1971, Cachoeira, depois de Salvador, é a cidade baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico no estilo barroco. Seu casario, suas igrejas, seus prédios históricos preservam a imagem do Brasil Império – tempo em que o comércio e a fertilidade do solo fizeram de Cachoeira a Vila mais rica, populosa, e uma das mais importantes do Brasil, durante os séculos XVII e XVIII – mas que hoje enfrenta dificuldades diversas para desenvolver-se, em função do seu sítio urbano está situado numa área de vale com presença de elevações íngremes que dificultam o seu crescimento urbano horizontal e as áreas já ocupadas não viabilizarem alterações nas suas edificações verticalizadas, devido ao processo até mesmo autoritário de condução do tombamento patrimonial.

Em 25 de junho de 2007, Cachoeira mais uma vez ganha um marco na sua história. A da Lei Estadual n°10.695 /07, projeto apresentado pela Cachoeirana e Deputada Lídice da Mata, que objetiva a transferência simbólica da Capital do Estado da Bahia nesta data para Cachoeira. Para algumas pessoas esta representa uma obrigação do governo com a melhoria da qualidade de vida do povo cachoeirano.

Hoje também podemos ter tempos áureos, com o vinda da Universidade Federal do Recôncavo, com a Política de Valorização da cultura afro descendente, fomentando o turismo étnico cultural em nossa região, basta que para isso aliemos ciência, comprometimento, administração, política e vontade para o bem comum e o desenvolvimento desta Terra tão sofrida e carente de tudo. Terra de “passado glorioso, de presente fragilizado e de um futuro promissor”.

Se no passado, temos tantas referências históricas, a esperança do futuro é um germe inquieto nas mentes e corações de todos nós. Por isso mesmo, saúdo o povo Cachoeirano e Sanfelixta. Por acreditar no melhoramento das espécies e no poder de transformação do ser humano, creio que os nós povo do recôncavo carregam a esperança de fazer muito mais e melhor para o desenvolvimento destas Cidades co – irmãs.

Encerro aqui este louvor a Cachoeira apelando para que este passado valioso que aqui modestamente rascunhei, sirva a todos nós os atores sociais, indistintamente, como ferramenta para fixar os alicerces da construção de um futuro magnífico do nosso Recôncavo.

Por Karina Madureira Lordelo Barreto

Assistente Social

Secretaria Municipal de Ação Social de São Félix-Bahia

Um comentário:

  1. Estive lá e realmente a oradora foi muito feliz e destemida,diante de tamanha multidão,pronunciou uma saudação coerente,atualizada e contextualizada.Parabéms Karina,parabéns pela escolha e parabéns também ao povo sanfelista que com elegância e civismo nos ensina a honrar aos nossos antepassados e a nossa história.Faltou apenas um microfone para a oradora,mas isso já era por se esperar.

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